Houve um tempo no futebol em que a antiguidade era um posto,
os jogadores jovens tratavam os mais velhos por senhor e os treinadores eram
poços de sabedoria comprovada, bem diferente desta moda dos jogadores de
catálogo e dos técnicos de aviário. Os árbitros tinham de sobreviver a longas
carreiras até se tornarem respeitados e os adeptos iam à bola pela mão dos
pais, começando por aprender as regras de jogo e as da convivência.

A irreverência dos jovens vive na proximidade do dislate, da
precipitação, do erro de cálculo. Por isso, quando uma equipa em crise aguda de
confiança, como o Sporting, apela aos serviços de quem já tenha enfrentado
situações tão más ou piores, para interromper um ciclo nas mãos de lideranças
imaturas, o sofrimento torna-se mais leve de suportar e a solidariedade cresce
na razão da simpatia pelos cabelos brancos.
A experiência e a falta dela, a bonomia e a crispação, a
tranquilidade e a sofreguidão, o saber e o pretensiosismo, o Mundo e a paróquia
– eis o que também traduz, neste dia em que o campeonato começa a amadurecer, os
14 anos de vida e de futebol que separam Jorge Jesus de Vítor Pereira,
independentemente deste ou daquele resultado pontual.
E
ainda foram a idade, as longas épocas e os muitos clássicos que recomendaram a
escolha de João Ferreira para o grande confronto de hoje. O afastamento dos
árbitros aos 45 anos é, aliás, um dos absurdos do futebol moderno, em contraste
com outros desportos profissionais, porque a falta de experiência é a maior
inimiga das decisões difíceis.Publicado no Record de 13-1-2013
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